Final do campeonato nacional. A cidade alegremente decorada para a grande partida. Por toda parte as bandeiras azul claro e escuro do time local (Dublin County) e também as vermelho e verde do adversário (Mayo County) deixavam clara a magnitude do evento. Desde cedo multidões se dirigiram para o Croke Park. Estádio lotado. Ruas desertas. Vimos o ataque se armar, o belo chute e … gooool. Espera aí! Foi gol mesmo? Silêncio total. Cadê a comemoração? Veio o replay do lance (consolo de quem não conseguiu ingresso e teve que assistir pela TV) e alguns segundos depois finalmente ouvimos os gritos e vibrações.
Gooolll!!!
Bizarro.
Começamos a prestar atenção e cronometramos um delay de 30.19 segundos entre a transmissão dos lances na nossa TV e a reação dos vizinhos. Engraçadíssimo. Já tínhamos percebido algum descasamento entre a transmissão de TV aberta e a cabo, durante jogos no Rio, mas nunca tão grande.
Pelos vistos éramos os únicos sem TV a cabo no bairro. Ficamos nos divertindo com as reações atrasadas.
Esta foi apenas uma das curiosidades daquele jogo.
A partida era a final do campeonato nacional de futebol irlandês que, apesar do nome, tem tanto de futebol quanto de basquete e rugby. Esporte dinâmico e interessantíssimo, alternando quiques de basquete, chutes, lançamentos com as mãos, embate corpo a corpo e traves duplas (de futebol e de rugby).
Nessa primeira experiência não deu para entender bem as regras (e eu não sou exatamente uma especialista em esportes – uma visita ao Google pode acalmar os curiosos), mas foi muito interessante assistir a um jogo tão peculiar, que é mais um dos símbolos do orgulho nacionalista irlandês, juntamente com o idioma gaélico.
O povo aqui é bastante atlético. No bairro residencial em que estamos hospedados é comum vermos pessoas de todas as idades praticando cooper, andando de bicicleta, fazendo manobras de skate, jogando futebol, hurling (esporte nacional que lembra o hóquei, outra novidade para a gente) etc.
Por exemplo, a família proprietária da casinha que alugamos: vários membros usam bicicleta para ir ao trabalho/escola e praticam corrida, os dois filhos mais novos são “federados” nos times oficiais de Dublin e a mais velha é bailarina profissional.
Já que estamos falando do povo, a cordialidade e a gentileza do irlandês chamaram nossa atenção desde que chegamos. Inclusive por parte de figuras tradicionalmente carrancudas como oficial de imigração e taxista de aeroporto. Isso sem falar de Oisín e Geraldine, nossos adoráveis anfitriões.
Ah, como a partida acabou empatada (em 15×15) houve outra final. Os torcedores fanáticos tiveram que esperar mais duas semanas para, finalmente, conhecer o vencedor deste ano. Parabéns Dublin!