Depois da inesquecível experiência na África, com quase 8 meses de estrada nosso destino era a Europa.
Não é fácil definir o que visitar por lá, diante de tantas opções interessantes. O tempo nunca é suficiente para ver tudo, não importa de quanto disponha. Ainda mais que, como o Marcelo não possui passaporte europeu, temos que respeitar o limite máximo de 90 dias (em um período de 180 dias) em países pertencentes ao Tratado de Schengen, o que inclui a grande maioria dos destinos mais procurados do Velho Continente.
Ao longo dos últimos 20 anos, incluindo os quase três morando em Londres, conseguimos conhecer algo da região e nossa ideia agora era privilegiar lugares inéditos para nós.
Então, por onde começar?
Por conveniência de voo, acabamos decidindo entrar na Europa por Munique, na Alemanha.
Só recentemente este país começou a despertar meu interesse. Confesso que antes eu tinha até mesmo um certo preconceito, por conta das atrocidades históricas de que, mais profunda ou superficialmente, todos temos informação. E olha que conheço alguns alemães e descendentes muito bacanas. E meu próprio pai tem uma ascendência germânica remota.
Como era de se esperar, as marcas sombrias da História com frequência se revelam, numa placa, monumento, museu. Foi impossível segurar as lágrimas diante de relatos dos horrores promovidos pelo nazismo e pela divisão do país no período pós guerra.
A Alemanha tem esta carga pesada, que talvez a acompanhe por muito tempo ainda, ou para sempre, mas é muito mais do que isso.
Uma mistura campeã de antigo e moderno. Tradição e desenvolvimento.
Paisagens belíssimas. Arquitetura deslumbrante.
Castelos e cidades de conto de fadas, como as apaixonantes Rothenburg e Heidelberg (deu vontade de ficar lá!).
Megalópolis como Berlim, onde a liberdade de expressão dá um tom descolado e divertido à cena urbana que, apesar do passado, transpira aceitação e tolerância.
A infraestrutura do país impressiona, com aeroportos, estradas e transporte público moderno, organizado e eficiente. Ficamos felizes de ver a mobilidade de uma menina de vinte e poucos anos, voltando da balada de transporte público, sozinha, às quatro da manhã, em sua cadeira de rodas elétrica. O que a gente estava fazendo na rua a essa hora da madrugada? Indo para o aeroporto. 😜
Em Munique, Frankfurt e Berlim ficamos hospedados em apartamentos alugados pelo Airbnb, em área residencial. É uma boa opção para quem quer experimentar um pouco da vida local. Como, por exemplo, morar no quinto andar de um prédio antiguinho sem elevador (!!!). Ou se acostumar a reciclar as garrafas pet no supermercado, Perto de casa em Munique a garrafa de 1.5 litro de água custava 44 centavos de Euro, dos quais 25 eram devolvidos na reciclagem. Catador de lixo lá consegue fazer um bom dinheirinho!
Em várias cidades o must é frequentar um biergarten, jardim com mesas de piquenique e quiosques com cervejas de primeira. A qualquer hora do dia tem gente degustando suas preferidas, acompanhadas com comidinhas compradas no local ou trazidas de casa. Programão!
Alemanha é o paraíso das cervejas, vinhos, frios, pães, salsichas com salada de batata e tantas outras iguarias. E para descansar o paladar tem também abundantes restaurantes italianos e, nas cidades maiores, gastronomia de todo o mundo. Ah, e sorveterias e mais sorveterias. ☺
Por incrível que pareça, tivemos mais dificuldade de comunicação na Alemanha do que na Ásia, onde placas em inglês são comuns nas áreas turísticas.
Conseguir informação em inglês pode ser um desafio nas cidades alemães menores ou, mesmo nos grandes centros, com pessoas mais velhas.
Minha experiência num salão em Berlim foi engraçada, mímica pura. E fiquei feliz em não sair de lá com o cabelo rosa ou azul, o que é bastante comum por aquelas bandas.
Os jovens em regra são fluentes em inglês e receptivos.
Até ficamos surpresos com a boa-vontade e generosidade de uma moça de Frankfurt que, na estação de trem, vendo nossa dificuldade em desvendar uma máquina com instruções apenas em alemão, ofereceu ajuda e, sem nem pestanejar, completou os 75 centavos de Euro que nos faltavam em trocados, já que a máquina só aceitava moedas. Ficamos muito agradecidos! E também um pouco constrangidos por ela completar o dinheiro das nossas passagens. Agiu com tanta naturalidade que deu a impressão de ser corriqueiro por lá alguém salvar quem está sem trocado. Para nós essa foi uma experiência nova.😜
Tivemos a sorte de encontrar várias pessoas bacanas pelo caminho. E adoramos o que vimos.
A Alemanha deixou muita lembrança boa e gostinho de quero mais. Começamos a Europa com o pé direito.
2 comentários sobre “Com o pé direito”
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Deutschland, Deutschland über alles!
Alemanha é um país fantástico. Adoraria que meus filhos fizessem suas vidas por lá, para poder imigrar, hehehehe. Acho que sobreviveria bem com a cerveja, seus vinhos brancos, salsichas, batatas e repolhos!
Beijo grande, adorei a postagem.
Pareceu mesmo um ótimo lugar para morar.
Quem sabe?
😘