Nesta etapa da viagem éramos 15 pessoas: 2 brasileiros (nós), 2 australianos, 2 ingleses, 2 canadenses, 2 americanos, 1 argentina e 4 sul-coreanos. Uma das diversões prediletas durante as longas horas de viagem era tentar “aprender” outras línguas. O pessoal de língua inglesa, para variar, só se safava no inglês mesmo (os canadenses falavam francês também) e nós levávamos uma vantagem pois conseguíamos nos comunicar com a argentina em espanhol (o pessoal pensava que a gente era absolutamente fluente em espanhol, o que não é verdade) e com os outros em inglês. Ficamos com fama de poliglotas! Dos 4 sul-coreanos, 2 falavam inglês bem e os outros 2, tinham bastante dificuldade. A gente tentava integrá-los perguntando como era determinada coisa em coreano. Como estávamos na África, adivinhem qual foi a única palavra que aprendemos em coreano? Zebra! Sempre que passava uma, gritávamos “alumai” . Com certeza a pronúncia não era essa pois os coreanos morriam de rir. De qualquer maneira, zebra para nós virou alumai.
Aprendemos também uma coisa fantástica sobre a idade dos sul-coreanos. Quando perguntamos a idade do povo, eles questionaram de volta se queriam saber a idade deles na Coreia ou fora da Coreia. Como assim? A idade na Coreia é diferente? É sim! Todas as pessoas na Coreia nascem já com 1 ano de idade e todos os cidadãos do país fazem aniversário no dia primeiro de janeiro independente da data que nasceram! Isso mesmo, se você nasce no dia 30 de dezembro, você nasce com 1 ano e no dia 1 janeiro completa mais um. Ou seja, um bebê de 3 dias (na nossa contagem) pode ter já dois anos de idade!!! Como é enriquecedor viajar e ver que existem outras formas de ver o mundo!
Deixando as idiossincrasias coreanas de lado, o título deste post é Deu alumai na Zâmbia pois este era um dos países que mais desconhecia. Seria uma grande zebra ter algo de extraordinário lá. E não é que deu zebra?
A Zâmbia foi uma grata surpresa. Os parques nacionais são lindos, embora não tão badalados como os da Tanzânia e Quênia, com uma ampla variedade de animais. Inclusive, na nossa procura aos big five (leão, búfalo, rinoceronte, leopardo e elefante), conseguimos ver um leopardo em ação apenas na Zâmbia pois na Tanzânia (Serengeti) só conseguimos ver um de muito longe e, mesmo assim, dormindo em uma árvore. O leopardo tem hábitos noturnos e a Zâmbia foi o único país em que pudemos fazer um safari noturno. Fomos premiados com um leopardo andando pela savana. É impressionante como a paisagem e o comportamento dos animais mudam durante a noite. Por exemplo, é bem raro o hipopótamo sair da água durante o dia. Já de noite, sem o sol para castigar sua pele, ele sai para comer.
Outro destaque total da Zâmbia foi a hospedagem. Em um dos locais ficamos numa tenda fixa, em uma local para lá de especial, à beira do rio Luangwa. O banheiro era privativo para cada barraca, mas não podíamos deixar nada dentro do mesmo pois os macacos roubavam as coisas.
Chegamos lá bem na hora do pôr do sol. E que pôr do sol! Definitivamente um dos mais bonitos que vimos. Este mesmo rio, que delimitava o South Luangwa National Park, estava coalhado de hipopótamos e de noite ouvíamos MUITOS barulhos feitos por esses bichos. Parecia que estavam do lado de nossa barraca de tão alto que eram os urros/gritos (não sei o nome do som que hipopótamos fazem!). Mas na realidade estavam nas margens do rio se alimentando. Foi com essa trilha sonora que dormimos as 3 noites que lá passamos.
E seguimos pelas estradas vazias com destino ao Zimbabwe.
A Zâmbia surpreendeu.
8 comentários sobre “Deu Zebra na Zâmbia”
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Marcelo: fiquei curiosa e fui pesquisar: hipopótamos fazem dois tipos de sons:
Os capazes de serem percebidos pelo homem, que mais se parecem com grunhidos.
E sons de frequencia ultra baixa, que se propagam bem na água e servem para a comunicação sub aquática destes animais. Só colocando microfones adequados para infrassons é que se percebeu que eles fazem muito barulho quando submersos. É mais: você sabia que A Celina (rs, rs, rs) era louca por hipopótamos na infância?
Ótima pesquisa. Sabia desse detalhe da Celina sim 😉
Muito boa a contagem de anos na Coréia!
Ótimo post, tema mais leve que o último…
Pois é, essa viagem é uma experiência de contrastes a todo momento. O cérebro tem que ficar esperto de tanta situação diferente por que passamos…
Moramos dois anos na Coréia e tudo que consegui aprender a dizer foi “annyeonghaseyo” (bom dia, boat tarde, boa noite,…) Gansaranida” (obrigado).
O alfabeto é fonético como o nosso e e aprendi também a juntar os sons para falar a palavras mas não sabia o que estava dizendo.
Pois é, coreano não parece nada trivial!
Procurei na Wikipedia. Achei de tudo, inclusive que na Zâmbia há uma das cinco subdivisões da espécie, mas nada sobre o nome de seus sons. Como eles provém das baleias e golfinhos, dizer que é um relincho não serviria, não é? Pois estaríamos apenas seguindo a etimologia de seu nome e sequer sua ancestralidade. Enfim, muito legal.
Obrigado pela pesquisa, Flores. Relincho parece ser uma boa já que a palavra hipopótamo também deriva de “cavalo do rio”.