Água. Água. A foto do post mostra o lindo rio Zambezi que deságua nas cataratas de Victoria, na fronteira entre Zimbabwe e Zâmbia. Um dos pontos turísticos mais visitados da África.
Nossa chegada no Zimbabwe foi um marco em vários sentidos. Seria exatamente metade do percurso e lá daríamos adeus a nosso caminhão e maior parte do grupo que vinha viajando conosco. Funcionava desta maneira pois o roteiro que escolhemos era, na realidade, composto por duas pernas independentes. A primeira foi de Nairobi (Quênia) até Victoria Falls (Zimbabwe), que durou 21 dias, e a nova etapa em que iríamos embarcar agora era de Victoria Falls (ou Vic Falls para os íntimos) até Cape Town (África do Sul) com 20 dias de duração. Dos 15 membros do grupo, apenas nós dois, a americana e um dos coreanos iriam prosseguir até Cape Town. Fomos os 4 que completamos os 41 dias e percorremos 12.000 km totais. Em Vic Falls, outras pessoas se juntaram a nós: 3 chilenas, 2 dominicanos, 1 neozelandês e 4 americanos. A diversidade só aumentava. Nós dois e todo mundo virando uma realidade!
A foto abaixo mostra nós 4 que completamos os 41 dias totais. Está meio estranha pois dois de nós mostraram 14 e os outros dois 41. Confusões na hora de perceber o que sai na foto. Dislexos do mundo: uní-vos!
A tripulação do caminhão também era nova. Saíram Johanes, Becks e Evans e entraram Tawanda e Knowledge (sic). O próprio caminhão também foi mudado. Daríamos adeus ao querido Stevie para embarcar no Mike. Neste tipo de viagem, nos afeiçoamos quase tanto aos caminhões como às pessoas. O fato de cada caminhão ter um nome, ajudou nesta personificação de nossa “casa” por longas horas e estradas.
E já vou dando um spoiler para vocês ficarem curiosos com os próximos posts: o Mike não conseguiu chegar até o final. Foi muito triste. O que houve exatamente com o Mike? Vão ter que aguardar o post sobre a Namíbia!
Chegamos no Zimbabwe e a tripulação antiga nos advertiu para não compararmos as condições da viagem até agora com o a sequência da mesma pois estaríamos saindo da África do leste (Quênia, Tanzânia, Malawi, Zâmbia e Zimbabwe) para entrar na África do sul (Namíbia, Botswana e África do Sul propriamente dita). Realmente eles tinham razão. A mudança é brutal. As estradas melhoram substancialmente e as acomodações também. Aí que dá para ver como é uma generalização sem muito sentido dizer apenas que fomos para a África. Cada país, uma história. Belezas naturais diferentes, gente diferente. Que continente sensacional! Não escondo que me sinto muito bem nesse lugar.
Em relação ao Zimbabwe, não posso falar que conhecemos o país. Ficamos apenas 3 noites em Vic Falls que é um Zimbabwe “falso”. É uma cidade toda arrumadinha na fronteira com a Zâmbia e muito próxima de Botswana cuja atividade é praticamente 100% turismo. Tudo devido às belezas das Victoria Falls descobertas (descobrimento para os europeus, quero dizer) pelo fantástico Dr. Livingstone, com suas histórias das expedições pela África que tanto encantaram minha adolescência e vida adulta também.
Obviamente a história é escrita pelos vencedores e eu fiquei curioso em saber qual o sentimento dos africanos em relação ao Livingstone. Explorador ou apenas conquistador? Não foi tanta surpresa, mas fiquei feliz em saber e perceber como ele é bastante reverenciado por lá. Foi um europeu que veio para África e soube entender os povos e costumes africanos. A gente sabe que depois dele, a história não foi bem assim! Quis continuar lá e morreu no continente. O corpo do Livingstone foi levado de volta para a Inglaterra, mas o coração dele (literalmente) ficou enterrado na África. Bonita homenagem.
Com essa amostra tão pequena do Zimbabwe, como já disse acima, não dá para dizer que tenho uma visão mais completa do país, mas deu para ter uma pequena noção do imbróglio econômico em que esse país se meteu. Devido a um governo ineficiente e corrupto, entre outras coisas, a inflação saiu do controle e o caos econômico se instalou. Uma prova disso são as curiosas notas de 50 bilhões de dólares zimbabuanos. São reais. Não são de brincadeira não. Sombria lembrança do que a incompetência aguda (e outros fatores) pode provocar em um país. Isto foi há menos de 10 anos atrás e hoje o país adotou o dólar americano como moeda como forma de tentar dar um jeito na combalida economia. Quando, por ideologia, se erra feio na economia (e fica culpando os outros por isso) dá esse resultado aí!
Já em um tom mais leve, as Victoria Falls são sensacionais sim. O nome da cidade é o mesmo das cachoeiras. Elas são formadas pelas águas do rio Zambezi que vêm descendo, tranquilas, e de repente, acontece essa queda enorme. Imagino o espanto (e o susto) do Livingstone quando viu esse local pela primeira vez.
Quando fomos visitar o parque que dá acesso às quedas, nosso guia nos disse que deveríamos ter muito cuidado com nossas câmeras fotográficas e usar roupa que pudesse molhar pois pegaríamos MUITA água. Como assim? A gente ia ver as Vic Falls de cima. Não era um passeio por baixo delas. Quando lá chegamos que entendemos o que ele quis dizer. A quantidade de água é tanta que partículas sobem e acabam caindo como chuva. E não é pouca água não. Você fica completamente encharcado. Como se estivesse em um temporal mesmo. Por conta desse efeito, vários lindos arco-íris aparecem na região.
Por falar nisso, vamos responder a uma das perguntas que, curiosamente, mais nos fizeram até agora: Nessa viagem pela África, em muitas vezes com condições tão difíceis, vocês tomaram banho todo dia? Já respondemos isso em alguns posts, mas repito aqui: com exceção do camping de um dia no Serengeti e outro no Ngorongoro na Tanzânia em que a temperatura estava beirando os 10 graus (surpresa? Como faz frio na África!), e que só tinha água fria e ainda chegamos no escuro, rolou banho todo santo dia sim. Alguns com água gelada, mas fomos bravos. E, por conta dos vários banhos que tomamos no Zimbabwe, acho que, tecnicamente, na média, podemos afirmar que tomamos banho todos os dias sim.
Fomos aventureiros, mas somos limpinhos!
2 comentários sobre “Tomando banho no Zimbabwe”
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Marcelo: adorei a síntese!Aventureiros sim, mas limpinhos! Deve ter sido lindo estar no meio da ‘chuva das águas das cachoeiras” e dos arco-íris! E borboletas? Haviam muitas?
Obrigado pelos comentários, Cláudia. Para ser sincero não vimos borboletas não.