Depois de um começo meio conturbado, agora de alguma forma a Ásia mudou. Ou mudei eu?
Na Malásia visitamos belos templos budistas, hindus, mesquitas, admiramos as diferenças, sofremos com o calor e a umidade, curtimos a arte de rua, conhecemos mercados populares e shoppings de alto luxo, questionamos tanto contraste, nos aventuramos na gastronomia e conversamos com pessoas interessantes. Foi uma experiência enriquecedora, mas também árdua.
No início não é fácil abstrair a bagunça, o barulho, o calor, a pobreza e a sujeira que tentam ofuscar a magia local. Algumas vezes me lembrei dos estrangeiros que encaram favela brasileira como passeio turístico, e como sempre me pareceu uma ideia descabida. Se bem que, justiça seja feita, ao contrário da triste realidade do nosso país, aqui em nenhum momento percebemos qualquer sinal de violência urbana ou nos sentimos expostos. A situação mais “grave” que presenciamos foi um bate-boca num ônibus cheio em Penang, por conta de alguém estar bloqueando a passagem. Deu para acompanhar a discussão porque foi em inglês, idioma muitas vezes usado de forma capenga na interação entre as diversas etnias locais.
Chegando em Bangkok, depois de bem-vindos dias no golfo da Tailândia, descansando muito e mandando embora uma gripe insistente, percebi uma grande mudança. Desde o primeiro instante, o famoso caos urbano desta megalópole não assustou. O calor de derreter não tirou o ânimo. Os trens e barcos lotados não foram suplício. Tampouco a multidão de pessoas para todos os lados intimidou. Pelo contrário, cada um destes elementos despertou minha curiosidade e ganhou status de atração turística. Como assim? Eu que sempre gostei de natureza, cidade pequena, lugar vazio, organizado, limpo, tranquilo? Eu que não curto aglomeração, muvuca, barulho?
Nem sei ao certo o que mudou. É como se num “click” eu tivesse conseguido mudar a forma de enxergar as coisas. Uma pequena alteração de grafia resignificando tudo: “adversidade” passando a ser apenas “a diversidade”. Será que faz parte da tal transformação decorrente de viagem de longo prazo, de que tanta gente fala?
Brinco com o Marcelo que estou mais amaciada. Que nem carne de segunda depois de umas marteladas para virar bife gostoso, sabe?
Amaciada pelo menos agora. Espero que este efeito seja duradouro. Quem dera pudesse ser permanente, mas tudo é dinâmico e está o tempo todo mudando. E eu não tenho domínio da chavinha do “click”. Ainda tenho muito o que aprender e consolidar, mas é impressionante constatar como a gente pode se adaptar, ficar mais flexível e tolerante.
“Seja você mesmo, mas não seja sempre o mesmo”, palavras de um sábio casal de amigos.
Esta viagem para dentro é incrível. Não tem mapa, nem roteiro e às vezes o caminho fica difícil, mas é imperdível. Esta sim é uma viagem de longo prazo! E pode e deve ser feita por todo mundo e em qualquer lugar!
Boa viagem!
10 comentários sobre “A viagem de verdade”
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Celina “Sweet”, sensacional esta sua experiência, tão intensa, tão transformadora. Sua narrativa me fez lembrar a animação Divertida Mente (Inside Out, no original), na qual cinco “emoções” (Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojinho) interagem, duelam e alternam o protagonismo dentro da cabeça de um adolescente. No seu caso específico, acho que a Nojinho passou a ser mais tolerante…
Curtam muito e, de vez em quando, postem as novidades para que possamos pegar carona com vocês.
Um grande beijo para você e abraço no meu xará.
MKlein
Oi, Sweet.
Legal você falar do DevertidaMente. É muito bacana. E eu tinha mencionado este filme no meu post anterior (E já se passaram três meses). Estamos em sintonia!
Beijos para você, Corinha e as crianças.
Celina, amei o texto! Que experiência incrível! Sabia que vcs iam aproveitar cada lugar da melhor forma possível! Vcs são demais! Casal que super admiro! Eu e Henrique estamos curtindo com vcs! Bjs com saudade
Fe,
Que bom que você está viajando com a gente.
O Henrique é muito fofo!
Bjs
Parabens pelo texto e pelo contexto. Não a conheço pessoalmente mas a admiro. Marcelo esta de parabens!!! Bjs e continuem nos “ensinando”.
Valeu, Marcia.
Vamos todos aprendendo juntos pelo caminho.
Bj
Celina: adorei o seu post! Que insight! Equivale a um longo trabalho psicanalítico! Extrair a diversidade da adversidade possibilita uma importante melhora no viver! É claro que nos faz renovarmos! Sim essa é a verdadeira viagem! Que bem deve ser internalizada! Parabéns pelas sacadas!
A forma como enxergamos as coisas muda tudo, né?
Tentando virar gente grande 😘
Muito legal Cê – isso é uma viagem com “V” maiúsculo!!!
É mesmo!!!
Bjs