Cá estou eu novamente contando minhas impressões de uma cidade grande. Gigantesca. Enorme. Múltipla.
Bangkok.
Banguecoque (como nossos amigos portugueses escrevem).
กรุงเทพมหานคร (em Tailandês).
Krung Thep Maha Nakhon (como soa em Tailandês).
Krung Thep Mahanakhon Amon Rattanakosin Mahinthara Ayuthaya Mahadilok Phop Noppharat Ratchathani Burirom Udomratchaniwet Mahasathan Amon Piman Awatan Sathit Sakkathattiya Witsanukam Prasit (e este é o nome oficial da cidade).
É verdade. Certificado pelo Guinness como o nome de cidade mais longo do mundo. São 21 palavras!
Aparentemente, segundo meu amigo Google, o nome oficial da cidade contém palavras arcaicas em tailandês com superlativos dados pelo rei Rama I elogiando sua capital. A tradução seria algo do tipo:
“A cidade dos anjos, a grande cidade, a residência do Buda esmeralda, a cidade inexpugnável do Deus Indra, a grande capital do mundo rodeada por nove pedras preciosas, a cidade feliz, com seu palácio real que se parece com o céu em que reina o Deus reencarnado, a cidade doada por Indra e construída por Vishnukarn”.
Bem, se a tradução é correta só um Thai bilíngue em português vai poder dizer (alguém por aí? 🙂 ), mas serve para dar uma ideia do tamanho da capital da Tailândia.
São 14.5 milhões de habitantes. Na região metropolitana, em população deve perder para São Paulo, mas com certeza ela rouba o título da capital paulista em relação ao engarrafamento no trânsito.
No entanto, a cidade vem fazendo um grande esforço de melhorar o transporte público e pudemos comprovar que isso vem dando resultados. Além dos tradicionais ônibus, táxis (baratos) e tuk tuks (mais caros do que você poderia imaginar) e barcos (muito úteis), tem um ótimo sistema de trens elevados (conhecido como BTS) e o confortável metrô. Para sair e chegar ao aeroporto, o trem expresso a partir do centro da cidade é perfeito. Saídas de 15 em 15 minutos, rápido, seguro, barato e eficiente.
Digo que o sistema de transporte é superdecente pois tanto o metrô como o BTS são muito limpos, com indicações em inglês e as pessoas são extremamente educadas. No embarque, todo mundo fica em fila para esperar o pessoal do vagão sair antes de entrar. Isso apesar do sistema ficar bem cheio na hora do rush.
O problema do sistema de transporte é que ele não é tão capilarizado nem integrado como os grandes sistemas do mundo. Em poucas estações, você consegue fazer baldeação. Às vezes tem que andar bastante. E no calor de Bangkok isso é um problema.
Com o crescimento desordenado (nada diferente do Brasil), a cidade tem um aspecto caótico, mas que depois de algum tempo você logo se acostuma e entende “como as coisas funcionam”. Na nossa impressão, outro ponto positivo da cidade é a segurança. Obviamente, não conhecemos a cidade toda, mas em todos os locais por que passamos tivemos uma forte sensação de segurança (aliás, isto está valendo para a Ásia como um todo até agora). Jamais vimos qualquer olhar estranho ou nos sentimos desconfortáveis ou vulneráveis em algum local. E, obviamente, por aqui é absolutamente impossível disfarçar que somos turistas.
A cidade tem umas atrações legais ligadas principalmente a templos, monumentos históricos e vários mercados de rua. O turismo na cidade é impressionante e sempre tem muita gente em todo lugar. Encontrar uma atração turística em paz não é coisa fácil (chineses são a grande maioria). A noite em Bangkok também é muito animada, mas como esse não é muito nosso departamento não tenho como comentar.
Uma atração não usual e muitíssimo interessante é a casa de Jim Thompson. Um americano que veio para a Tailândia na década de 50, se apaixonou pelo país e desenvolveu toda a indústria da seda por aqui. Ganhou várias honrarias do governo tailandês pelos serviços prestados ao país. Ele construiu uma casa no centro de Bangkok que é um verdadeiro oásis dentro da cidade caótica. Local lindo com arquitetura tradicional tailandesa e várias peças expostas da sua coleção particular. Além do local ser superagradável, esse homem tem toda uma história misteriosa, pois ele era ligado à CIA e misteriosamente desapareceu, sem deixar qualquer vestígio, quando fazia uma viagem de turismo pela Malásia.
Outras atrações aqui são os shopping centers. Por conta do calor, entrar em um shopping é uma questão de sobrevivência. Tem de todos os tipos, tamanhos e preços de mercadorias. Ao mesmo tempo que shopping center é tudo igual em qualquer lugar do mundo, existem diferenças interessantes. Mesmo em shoppings luxuosos, é bem comum as barraquinhas que não são lojas per se e sim quiosques que estão espalhadas na área comum do shopping. Tem espaço, eles estão otimizando/utilizando.
Entramos em uma loja de departamento tipo C&A e, curiosamente, você tinha que pagar a mercadoria separadamente dentro de cada seção. Ou seja, se você comprasse meias e camisas, você pagava as meias e depois as camisas. Aparentemente, a loja sublocava espaços para as diferentes marcas ou tipo de roupa.
Bem, Bangkok é isso e muito muito muito mais. Tem todos os ângulos que você quiser ver. É impactante, gentil, dura, instigante, contrastante, superlativa e pode-se amá-la ou odiá-la de mil maneiras. Nesses casos, eu sempre prefiro o olhar do curioso. E, nesse ponto, Bangkok satisfez muito meu olhar.
Ah, e tem o tailandês. Que língua linda essa! Os sons, impronunciáveis para nós (estamos há 20 dias no país e até agora dizer um simples obrigado tem sido um desafio! Qualquer variação no tom da palavra muda completamente o significado da mesma), são muito bonitos e falados de modo especial.
Em Bangkok, no BTS, várias vezes pegávamos o trem com direção à estação de Bang Wa. Mas não é simplesmente Bang Wa. É meio como se fosse Bâaàng Waaaaaaaa. Alongado, melódico, meio sensual mesmo.
Jamais vou me esquecer do trem se aproximando e uma voz anunciando que esse é um trem com direção Bâaàng Waaaaaaaa.
Clica aí embaixo para ouvir uma tentativa (certamente, incorreta) de pronúncia.
Por essas e por outras é que eu Banguecoquei. Já estou com saudades do alto-falante de Bangkok!
2 comentários sobre “Banguecoquei”
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A wikipedia diz que o termo Bangkok tem origem incerta mas provavelmente é uma junção de duas palavras em Thai, ou seja, não seria uma criação ocidental.
Marcelo; hilária a parte em que vc reconhece que é impossível vcs disfarçarem que são turistas por aí… Fiquei intrigada com um ponto: em qual série será que as crianças de Bangkok aprendem a falar o nome inteiro da cidade? É a escrever? E com um nome desses, como acabou conhecida como BangKok? Muitas coisas para aprender, mundo afora! Seu áudio ficou bom! Melhor que o nosso metrô no Rio ; )