Quando começamos a conversar sobre viagem de longo prazo, o Marcelo logo sugeriu incluirmos a Ásia no roteiro. Na verdade, ele já vinha há um bom tempo brincando que tinha “vergonha” de não conhecer a Ásia. Imagina, vergonha. Sempre exagerado, esse meu marido. Vamos dar um desconto.
Já eu, estava mais na vibe de fazer uma imersão na Europa, num esquema emocionalmente mais tranquilo.
Fora da nossa área de conforto, a Ásia sempre me inspirou curiosidade, mas também receio. Insegurança quanto às diferenças culturais, dificuldades de comunicação, segurança, saúde… medo do desconhecido mesmo.
Lembrei agora o dia em que Marcelo e eu começamos a namorar. Pouco antes do primeiro beijo, num papo sobre viagens, ele disse, entusiasmado, que adorava viagens exóticas e eu meio que concordei. Nem imaginava que o exótico dele era bem mais exótico que o meu. 😉
Você está achando que eu fiz propaganda enganosa? Ele não ficou atrás: disse que adorava dançar, me levou para o salão e em dois segundos tascou o primeiro beijo e me conduziu rapidamente de volta para a mesa, antes que eu notasse os seus dois pés esquerdos. 🙂
Bem, voltando aos destinos menos convencionais, muito do objetivo dessa viagem é ver coisa diferente, sair do quadrado, flexibilizar, aprender, crescer, então, desconforto à parte, ou até por conta mesmo dele, fez todo o sentido partir para a Ásia.
Começamos por Cingapura para rever alguns amigos. Foi muito bacana encontrar o Rodney e a Sereena, que não víamos desde o fim da nossa temporada em Londres, há mais de seis anos, e também o Prabha e a Rose, com quem estivemos na última Copa. Pena que o tempo foi curto e não deu para encontrar outros amigos que também andam por estas bandas.
Cingapura é Ásia light. Esta cidade-estado, que se separou da Malásia há apenas 50 anos, tem somente uns 700 km2 de área e menos de 6 milhões de habitantes, ou seja, menor que a cidade do Rio de Janeiro. Para quem estava na enorme e pouco populosa região ocidental da Austrália, este pequeno formigueiro asiático é impactante.
O inglês é língua oficial, o que facilita muito a vida do turista. Só que existem mais três línguas oficiais (mandarim, malaio e tamil). Imagina a confusão.
É interessante ver a mistura dos chineses, malaios e indianos, de culturas e religiões tão distintas. Quem se dá bem com esta diversidade toda é a culinária local, que oferece delícias para todos os gostos e bolsos, desde restaurantes de luxo até as populares comidas de rua (hawker food).
Tem uma fruta típica desta região, a durian, que é bastante polêmica: dizem que é deliciosa, só que é conhecida como “a fruta mais fedida do mundo”. Até agora não conseguimos experimentar, mas pelos vistos o cheiro é insuportável mesmo: seu consumo é proibido em vários locais públicos, inclusive hotéis, e na loja do shopping ela fica numa caixa lacrada.
Como muita gente tem o hábito de fazer todas as refeições na rua, várias casas não têm fogão. Para a gente parece estranho, né?
Aqui há muito contraste – mercados populares, tipo camelódromo, de um lado, e shoppings só de marcas ultra-luxo de outro, como na famosa Orchard Street. Aliás, nunca vi tanta loja cara junta, daquelas que não dá nem para passar na frente.
O povo adora comprar, mas é comum ver as pessoas passeando e indo a restaurantes com roupa bem à vontade, tipo bermuda e chinelo. E quando chegam em casa deixam o chinelo do lado de fora e ficam descalços. É considerado desrespeitoso entrar em casa calçado. Gostei da ideia de não andar com o sapato da rua em casa. Aliás, já tínhamos visto isso, de uma forma mais flexível, na Nova Zelândia e Austrália. Quem sabe passamos a adotar esta prática?
A arquitetura de Cingapura é supervariada, tendo desde casas bem simples e antigas, até construções luxuosas e modernas, como o impressionante Hotel Marina Bay Sands e os Gardens by the Bay.
O custo de vida neste país é bastante alto e ter carro é um privilégio, devido aos altos preços dos veículos e da licença. Ainda bem que o transporte público funciona, é geladinho (o que faz toda diferença neste clima quente e úmido) e limpo. Imagino que muito da limpeza venha da proibição de comer, beber ou mascar chicletes no metrô. E a multa é para valer.
Penalidade nesse país é coisa séria. Dizem que é Disney com pena de morte, como no caso de tráfico de drogas.
O país é tido como dos mais seguros. E realmente não vimos ninguém suspeito, nem qualquer polícia pelas ruas.
Bem, estas foram as primeiras impressões deste pequeno pedaço do continente.
Vamos ver o que mais vem por aí.
8 comentários sobre “Colocando o pé na Ásia”
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Fiquei muito interessada na durian, porque ela é muito parecida com a jaca, apesar de parecidas, odores fortes e riquíssimas em propriedades, não pertencem à mesma família.
A durian pertence a mesma família do cacau!! Isto P ode explicar o sabor que para os amantes é uma mistura de leveza do queijo francês com o caramelo!!
Mas para os que a odeiam seu aroma
repulsivo é descrito como uma mistura entre suor com chulé, meias sujas, (olha o queijo aí!!!) e material em estado de putrefação . A coisa é séria!
Mas como existem cerca de 10 tipos diferentes, sugiro que provem pelo menos 3 para desempatar as impressões !!! Rsrsr
Existe um manual de sobrevivência caso você resolva experimentar a durian que diz:
“1. Apesar de arrotar na Ásia ser um ato de respeito e sinônimo de comida saborosa, não arrote após comer durian. Fazer isso será dar início a uma catástrofe de odores que perdurarão no ar por muito tempo;”
O segundo item é sobre o beijo, resolvi não postar porque pode intimidar o seu marido beijoqueiro!
Espero suas impressões sobre a fruta. Se está mais pra jaca ou cacau.
Bjs
Mandou bem na pesquisa!
Estamos curiosos com o cheiro e o gosto da durian, mas ainda não conseguimos a fruta fresca para comprar. Deve ser por conta do cheiro mesmo. Tem muito é produto industrializado (doce/sorvete/biscoito) sabor durian. Continuamos na busca.
Cê, adorei os comentários sobre nosso querido Marcelo. Exagerado? Não. Destemido? Sempre! Desde que haja um manual de instruções ao lado!!!
Também gostei das primeiras impressões de Cingapura! Você pode fazer um post só sobre as comidas??
Feliz ano do macaco! Aqui no ocidente o ano finalmente vai começar com o final do Carnaval!
Bjs, Didi
Feliz ano novo!!!
Depois falamos sobre a comida daqui.
Bj
Ah Já ia me esquecendo: feliz ano novo! É o ano do macaco, não?
Isso! Feliz Ano do Macaco!
Cê: adorei o tom intimista do início do post! Hora de rever o passado e re-escrever o futuro, né? Inovar e enfrentar desafios desenvolve as sinapses cerebrais… Sugiro que sigam esses desafios… Ah, não deixe de experimentar a Durian! Você pode fazê-lo com o exaustor aberto, que tal?
Nossas sinapses estão a mil!